Miolando

30 junho, 2007

cruzamento
nu
.
.
pontual
efémero




a ideia fixa de
atravessar
o céu
n a d a n d o


subjaz
:
e x ................................t e n s i ........................... vely
.
.
.
.
.
!
.
f l o a T i n g
.

.

28 junho, 2007

pé ante pé

se levanta essa terra,
e essa estrela que cai do ocidente
que diferença tem, se é cadente tambem?

destravada

Quando viu sol
deitou-se

vinha de longe
no tempo no espaço

pensava descansar
antes de continuar viagem
mas adormeceu

e ali ficou
adormecida
bela

nas traves
da linha
do comboio

quando ele vier
quem te vai salvar?

27 junho, 2007

círculos de luz




ESPIRAIS

quando dançares
sustém

os braços certos e
outras ondulações (a
anca estreita).


quando dançares,
fá-lo de frente

e rasga o salto preso, o tempo
no ritmo dos próprios passos.


dança,
círculo móvel,
profundo
contorno


dança, na luz abissal.


e mantém agora,


no momento exacto, o grito aberto.


ao parar a torção,

desfaz
(slow motion!)

na mesma dança
os corações, as cordas, os traços…

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26 junho, 2007

de pe.dra















as torres deslocavam-se
em paralelo no tabuleiro

os cavaleiros desapareceram
levaram-nos as nuvens

os peões deslocaram-se

em todas as direcções
nas passadeiras

o rei há muito xeque-matado


permanece a raínha
imóvel de pé

Unam-se as torres
Liguem-se à terra
que os cavaleiros
ao menos
rasguem as nuvens pela luz
e jogue o sol esta partida.

vertigem

entre o tempo
entre o vento
a gárgula descai
entre a telha
e o passeio
no bailar do olhar.

23 junho, 2007

uma árvore

um tronco
uma casca
uma queda
um pedaço
uma seiva
uma folha
uma acima
outra mais
outra ainda
um ramo
uma esquerda
uma outra
uma direita
uma folha
um galho
lá em cima
uma mais
um pedaço
uma borboleta
a fugir mais
do um

do

c
a
i
x
i
l
h
o
.

20 junho, 2007

conchemterra

o palco espera
em jeito de concha
aconchagando
os que nele se embrenham
o
os lugares dispostos
a tudo
ao sol à chuva
ao brilho ao pó
o
senta
assiste
assiste-me
o
nesta entrada
que outrora
foi saída

18 junho, 2007

(É A MANHÃ?)

(música no rádio, cigarros, garrafa de vinho tinto, cerejas e promessas)

quem ainda não esfolou o corpo de deus;
e lhe vestiu a pele;
e, voando na tontura de um prazer nocturno
- quem não morreu já contra o asfixiante clarear da cortina?

casa de são dinis, porto. 18 de junho de 2007.

17 junho, 2007





e as teias
das árvores
coavam o sol

É a manhã?
o

16 junho, 2007



side of the road











Ateei o fogo
quebrei as portas de bronze
desfiz sinais nas pedras lisas
enlouqueci os adivinhos

minha língua tornou-se tão
estranha
que não se pode entender

as multidões vitoriosas
levantam em teu nome grinaldas
tamboris e danças
despojos de várias
cores

tomo o caminho por onde vieste
tropeçando como os que não
têm olhos







/josé tolentino mendonça in a estrada branca fotoGismo/

14 junho, 2007

desmiolando a sete pés

as vezes apetece-me fechar o mundo numa gaveta. E fecha-la, a sete chaves. uma duas três quatro quatro seis sete chaves. As vezes apetece-me comer palavras repetir colar por cima, por cima. Sem pensar. E pregar, pregar as ripas da madeira da gaveta das chaves do mundo a sete pés. E ouvir vozes, zumbidos estridentes, gritos colectivos, disformes, por entre as ripas, alheias do mundo, da água que vai gotejando humedecendo a gaveta secando-se a si mesma, dos fósforos acendidos ardidos enegrecidos caidos no meio do forro que não queimou, por agora. Já não cansa as vozes, já não cansam. E se passar verniz? Tapa poros, tapa jorros tapa desabamentos de pó luz e água... assim não cai. Hermeticamente engavetado.

As vezes apetece-me fechar o mundo a sete dedos, e deixar três de fora. Um dois três quatro quatro, desenhar no ar uma bola e sussurrar o que está bem ou assim assim, e a água e o fósforo, sussurrando a mil à hora... e abrir os dedos, os sete e os três, e o mundo dos sete pés. um dois três quatro quatro seis sete. ou contar até vinte e quatro, ou cinco. E se meter fita cola? Não vá os dedos tece-las. Fita dupla, para colar dos dois lados, e não fugir, não dançar... assim nao sai. um dois três quatro quatro seis sete, endedados, e os outros três

As vezes apetece-me desmiolar sem semântica sem gramática sem sujeito predicado sem ponto e vírgula uma anarquia. Ou contar até cinco. Ou desmiolar a sete pés

descampado


ao meu longo um longotrilhocaminholinha
(de sangue? queimado?)
o comboio estacionou
oooooooon
ooooooooa
o
oooooooop
ooooooooe
oooooooor
oooooooop
ooooooooe
oooooooon
ooooooood
ooooooooi
ooooooooc
oooooooou
ooooooool
ooooooooa
oooooooor
oooooohá muitos anos
ooooooas carruagens continuaram viagem
o
deitado
num vértice
olho o céu
e lembro...
ainda me lembro

13 junho, 2007

TOUS LES NUITS DU MONDE. mr de sainte colombe le fils.

para quem tocamos?
a procura da imagem que organize a ausência
(porque não abrimos a porta ao soar da campainha?)
tem-se esta noite para ter esta noite
e adormecemos com medo de ser acordados

a pergunta repete-se

porque não tocas?

casa de são dinis, porto, 13 de junho de 2007.

11 junho, 2007

TÚNEIS 2


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descudado

Alguém me disse

Ao amor não dês trela
que ele leva-te na letra

Bem fugi das letras
mas apanharam-me as palavras

e agora catatónico
tento lembrar-me do conselho
mas perdi a trela na coleira das palavras

08 junho, 2007

TOUS LES MATINS DU MONDE. mr. de sainte colombe.

à minha volta sombra
penumbra
e um fino fio de sons que lanço com os dedos procurando os dedos teus
para que me saibas chegar
regressar
sou eu
e este verso será o mais longo da vida:


à minha volta luz
não receio o escuro dos teus olhos
não tenho medo de fechar os meus abrindo a noite no teu colo:
posso pousar em ti
posso deixar em ti tudo mas tudo o que o meu corpo é
posso despir-me
o mais completo verso
vais ver:

à minha roda danças:

está na hora de subirmos
está na hora de assumirmos o nosso risco de morrer

casa de são dinis, porto.7 de junho de 2007

06 junho, 2007

O ROSTO DAS ARTES


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O ROSTO DAS ARTES


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eu já pensei
mandar pintar o azul do céu
de outra cor
para ser original
o
criei também
uma nuvem
de recortes e relevos
para dar volume e coisa e tal
o
a nuvem tornou-se pedra
abriu-se uma fenda
em tons de janela
pintou-se de cal
o
"mordi o anzol!
e cometi o pecado",
pensei "original"

02 junho, 2007

a corda dado

















Era pequenino
e descobriu
como se conjuga
o verbo solidão.

Foi dando corda
aos pensamentos
até que adormeceu
aconjugado

em que pessoa?