Miolando

28 janeiro, 2008

estou a ir para casa

corro tropeço
antes que se vá
atiro-me de braços
unidos numa reza
colados à cabeça

rasguei a pele
raspei grãos
e já foi
não esperou
e não torna

cheguei a casa
a tempo
fiquei à porta
prostrada no tapete
com o tempo


23 janeiro, 2008

hibernação







enquanto o tempo ainda escurece

convocando sombras

ser apenas o tecido

amanhecente

carne

tenra água flor de verde folha

rio de ocorrência clara







poema3. alteração sobre alteração. foto: abreption death

21 janeiro, 2008

"A poesia está lá fora
à nossa espera"
Espriguicei as mãos
estendidas nas rosas cardeais
Ergui o cordão umbilical
sugado pelos raios venosos

Alimentei o ventre
Abri-me à rua
Acolheu-me um abraço
bafo quente

"A poesia está lá fora
nossa à espera"

18 janeiro, 2008

luz fugidía



















água terra seiva

14 janeiro, 2008

amarelo madeira

12 janeiro, 2008





? raios que ocultam o chão e o soam imaginados passos



quem aqui se bebeu noites tranças danças


quem invisível gravou


arcos

mágoas

águas

cin

zas

tro

vas

tre

vas



foto. escultura de joana vasconcelos CCB dezembro 2007

07 janeiro, 2008

MODELAÇÕES (3)



Um efeito de concha
nautilus (disseste)

Circulámos várias vezes, com risos breves

E a mão aberta
o molde
na fugacidade do que esperávamos.

Quando regressámos, a língua de areia manteve o recorte

contudo
(mais intenso)

o horizonte
trouxe uma ilusão azulada

de raios declinantes



O nautilus aberto
ainda ondeia imóvel no centro de tudo


mas nem acreditamos mais que os corpos sejam duráveis




Etiquetas:

06 janeiro, 2008



era um sonho

: era era

vermelhas

eram as heras

que eras

e eu

: era era

tempo

grito

ave

pio

fera



1925-2008: Luiz Pacheco

02 janeiro, 2008

aura.ora

no primeiro dia de luz
fui ver o mar
longe tarde

naquele semicerrar
vi o sol desfalecer
o céu escorrer
o mar pendular
~~~~

um bando de gaivotas
disse-me ao ouvido

que aquela brecha lá longe
deixará de ser aura
para voltar como aurora