ai as férias!
Sim, claro que há inveja aqui! E não sei se só falo das vossas férias...desculpem o mau jeito, mas gosto des-con-certada-mente de amarelo.
Pois, estão todos por aí, eu também vou estando por dentro de mim, presente e ausente, quando repito interminavel os gestos prescritos e proscritos de todos os dias, irreconheço lugares e pensamentos de sempre, as mulheres que anseiam à porta das lojas por um cavalo branco mesmo que não branco, azul, mesmo sem cavaleiro...
A vida a entristecer um pouco mais ao cair da noite, já quase a desejar os rumores das praias apinhadas, suspender luas no ranho dos meninos, sentar-me entre as famílias que sussurram entre si, que gritam silêncios de cimento, se pudesse matava-te, se não tivesse medo que alguém reparasse, torcia-te o pescoço aqui mesmo e ia para casa a correr,andar nu , dançar, sim, já quase a desejar ser eles quando me olham com olhos de animal espantado, pontes fora, ruas dentro, virar ali, a mesma porta, os mesmos traços,a mesma perna para fora do carro desembrulhado doutros carros agoniadamente iguais...
Porque ando a frequentar funerais nestes dias de verão e pergunto ansiosamente a toda a gente como se chora, se ainda se chora? ainda se pára nestes dias gerais das férias para ficar muitas horas no silêncio? como podem os cadáveres caber no verão quando o vento mal se pres -sente e no entanto é capaz de furar os olhos e atravessar a língua? Mesmo as palavras estão agora relaxadas, pouco o reboliço, o fogo arde amarelo, papel, palavras contorcidas, pois que seja verão...
Só para dizer...
é preciso engolir em seco e ganhar coragem de impulso para comentar este texto. Faz-me lembrar muito as reportagens fotográficas. Dizer preto e violeta com amarelos e azuis celestes... mostrar a terra revolvida junto às lajes, e pairar no ar o cheiro doce das flores frescas, renovadas regularmente, enquanto a rotina não se perde no tempo... A vida não para ir de férias.
teclado por joel faria, em 04 agosto, 2006
eu quero muito que os meus funerais fiquem algures no tempo. Ali mesmo. Mas sim, ainda estou inerte, na "terra revolvida junto às lages". Obrigada.
teclado por ~pi, em 07 agosto, 2006
Texto duro de roer, principalmente pelo AMARELO. Dá cabo dos olhinhos, parace que foi essa a intenção, só hoje é que consegui...
teclado por Anónimo, em 31 agosto, 2006
vim cá abaixo ver a nossa história.
claro que a intenção damarelar a escrita foi que ninguém conseguisse ler e/ou, caso conseguisse, ficasse ceguinho.
(por uns minutos, claro!).
é que é assim que a luz se faz às vezes...por acaso, a mim, não se me fez grande luz, concluo agora.
teclado por ~pi, em 19 novembro, 2006
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