Miolando

08 agosto, 2006

Sem título

Era plano, vazio. Alguém viu um bloco disforme, rugoso, de pedra. Então transformou-o num quadrado polido, suave. Tricotou uns buraquinhos, picotou um rectângulo vertical. Protegeu o quadrado com um chapéu de três bicos... porque se não tivesse três bicos não era seu.
Cortou pelo picotado e abriu. Lá dentro havia laços, cores. Rosa para sorrisos, azul para lágrimas, vermelho para o amor, preto para a noite, amarelo para as estrelas e branco para a serenidade.
Abriu o tricotado para fora e deixou entrar o doce, o amargo, o silêncio, o riso, a música, o ruído...todos os sabores e sons do mundo. Prendeu o tricotado com um botão e depois deixou que as cores, os sabores, os sons e cheiros se misturassem, se recriassem, se unissem. Assim fez um coração da pedra.

Veio uma bola. Laranja como o fogo. Queimou o tricotado, rasgou pelo picotado e arrancou os bicos do chapéu. O quadrado desmoronou quadradinho por quadradinho e ficou em losangos no chão. Libertaram-se os sabores, os cheiros, as cores e os sons. Dissolveram-se no ar. Ficou apenas cinza, silêncio, queimado e amargo. Assim se fez um coração de pedra.

Só para dizer...

  • O que vem a seguir é a resposta ao teu texto, Patrícia, digamos, o outro lado, não propriamente a Fénix mas o outro lado.

    teclado por Blogger ~pi, em 08 agosto, 2006  

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