chama, uma vez vi
uma vez vi um filme em que tudo era
branco
uma vez vi um filme em que pessoas
ardiam
uma vez vi um filme em que as pessoas flutuavam em emoções líquidas
uma vez vi um filme em que um rapaz vivia sozinho num farol
embalado pelo sal
e pelo vento sibilante nas ervas amarelas
uma vez vi um quadro sobre um punhado de areia que era praia
e um cão de cartão
e um homem de suor.
acontecia num espaço delimitado por bobinas e sons
era um espaço mental mais que um espaço físico,
habitado pelo homem em desespero crescente de comunicar consigo através do cão,
pesquisar o cartão, o calor de dentro do cartão
o suor do homem varre o chão as bobinas que são flores secas mais tarde
som e fita, areia e cinza, suor
o homem nasceu nu e vai vestindo sombras
quando se envolve no cenário de plástico
fá-lo numa perfeita e visceral organicidade,
apesar das pétalas de chama que o consomem
há uma fénix de água marinha nas suas palavras
"strangely enough I am conforted by my smallness, and not for a moment dizzy or lost" repete
e repete e repete infantil e sábio, muito perto da luz
Só para dizer...
Estou mudo!!!
teclado por Anónimo, em 07 outubro, 2006
Estive lá, vi uma vez: CHAMAS!!! foi belo, doce e triste...
teclado por Anónimo, em 07 outubro, 2006
...e muito, demasiado para dizer, a propósito ou não.
esperar as palavras de novo...?
desistir, resistir às palavras...?
teclado por Anónimo, em 07 outubro, 2006
é assim tão claro, Dalémar?!
sim, se a primeira parte vem da memória mais atrás, indistinta, surgida da névoa, a segunda vem da performance "Bones and Oceans" do Rui Horta.
ainda bem que é claro, foi escrito lá mesmo, às escuras... beijo
teclado por ~pi, em 07 outubro, 2006
Começo a achar que a diferença de idades tão notória no nosso grupo afinal não é assim tão boa...
teclado por patricia, em 07 outubro, 2006
não sei se entendo o que queres dizer...
porque não te parece boa essa
divers-idade?
teclado por ~pi, em 08 outubro, 2006
Não sei... li o teu poema. Gostei muito mas não percebi certas referências que para outra pessoas foram bastante claras. Subitamente senti-me verde num berço alheada do mundo e da escrita e dos poemas e de tudo...
teclado por patricia, em 08 outubro, 2006
as referências neste texto, Patrícia, têm a ver com um espectáculo que vi no TECA e que, quem também viu, "reconhece".
de facto, apenas isso...
e sei que cada um tem outras referências e sentidos "privados" de escrita e tu tambem o sabes e bem, olha só para ti!!! temos todos em comum a coragem de escrever, é o fio( laço, diria o Paulo, mais românticamente...) que nos une!
nascemos poetas, tenho a certeza, quem me dera, também eu, voltar a esse lugar essencial de mim! BEIJO
teclado por ~pi, em 08 outubro, 2006
é o romantismo do outono esse tempo imóvel onde o cais
abre fendas no negrume dos dias.
obrigado por ter dado abrigo
a uma carta.
teclado por alberto serra, em 08 outubro, 2006
A questão da idade da escrita não deixa de ser curiosa.
Penso que a escrita não tem idade, tem liberdade ou não, que é algo bem diferente!
As referências são meros acidentes que nem sequer, a meu ver, são necessários (opinião estritamente pessoal)...
teclado por Anónimo, em 08 outubro, 2006
Fui ver. O que escreveste é uma cintura perfeita para o quadrado de fita traçado no palco e para o arrastado e sim, orgânico, movimento da solidão do bailarino até à morte, à fusão, à libertação...
teclado por Anónimo, em 09 outubro, 2006
gostava de saber a opinião da Dália ( e não só) sobre a questão das idades da escrita...beijo
teclado por ~pi, em 09 outubro, 2006
O homem da carta tem namorada e bem gira!
teclado por Anónimo, em 11 outubro, 2006
ai que bom pra ele!!!!
deus é GRANDE! :D
teclado por ~pi, em 30 outubro, 2006
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