Miolando

26 outubro, 2006

nesta região que compartimos fora de horas

Sintra, 2006




"a anónima fundura das matérias naturais socava o

nosso direito a merecer um nome

eu tampouco o consigno, mas não sou quem pensades.

eu componho isto por encargo e orgulho, como os restos que vedes,

crendo protagonizar o tempo mas não perder-me na cidade.

escrevo para ser , por pratica o requisito

para render-me à realidade de que tenho um espaço que não é o de vós:

eu desprendo sobre as poucas coisas que sei e que mirades

uma linguagem chã, aferrolho-as com uma fala que vos deva ser modesta

porque transmudas curvas em assombros e cores em palavras."

do poeta galego Celso Álvarez Cáccamo, os distantes (1995)



Só para dizer...

  • Vimos Maria Antonieta, um Luís XVI
    obsecado por chaves e ferrolhos, ele mesmo fechado ao amor, como às vezes nós, face às palavras e aos actos que lhes vão roubando o sentido.
    até nos ocultarem as coisas mais belas e essenciais da vida, cores em palavras, curvas em assombros.
    BEIJO

    teclado por Anonymous Anónimo, em 27 outubro, 2006  

  • é tão bonito! entendemos, n'é?

    teclado por Anonymous Anónimo, em 28 outubro, 2006  

  • Que bem que me soube ler isto.
    Agora tu, sim?
    Beijos e abraços, até breve

    teclado por Anonymous Anónimo, em 28 outubro, 2006  

  • "... desprender uma linguagem chã...", plana, da terra, para enlaçar e contornar a vida, dar-lhe volume , arredondar, colorir.
    Tão bela forma de dizer de novo o que neste blog tem sido dito!

    Poeta para mim desconhecido...

    teclado por Anonymous Anónimo, em 30 outubro, 2006  

  • ó minha gente, porque é que ninguém
    do grupo comenta textos dos-poetas-a-"sério"?
    salvo a dália, que é a setôra, claro.
    isto dá-me que reflectir...

    teclado por Blogger ~pi, em 31 outubro, 2006  

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