implosão
"Diz-me, seca pedra polida pelo tempo sem dentes, pela fome sem dentes, pó moído por
dentes que são séculos, por séculos que são fome,
Diz-me - a luz nasce esfregando osso contra osso, homem contra homem, fome contra
fome, até que surja no final a faísca, o grito, a palavra, até que por fim a água brote e
cresça a árvore de largas folhas turquesa? "
Octavio Paz, Canção II
lx, belém, novembro,2006
...qualquer parede onde possas acalmar a dor onde finges para ti mesmo que dormes onde tornas bem recta a insónia
a desgraça de ser por aí num lugar de estranhas cores que volteiam na cabeça
(prisões e impossibilidade até para forças maiores que as tuas)
qualquer poça de água medeia a cama o sol o útero onde enroscar o corpo nu e desligado
atracado agora num chão onde os balões das histórias que descobrem portugal se negam e renegam no teu corpo vestido a solidão
Só para dizer...
O corpo nu e desligado que já é pertença do outro lado: o dos anjos.
Dos labirintos do paraíso, poderei dizer?
Silencioso e ensurdecedor.
De dor.
Entretanto, entre-tanto...
teclado por Anónimo, em 20 novembro, 2006
A solidão, sós ou acompanhados tem-nos vindo a vestir (ou a despir?) a todos,
mas nem por isso nos inclinamos na direcção do paraíso. Antes pelo contrário. Ou será que o conceito de paraíso também se alterou e eu não sei ainda?
Gostei deste lado de que lês um boné que dá uma vida duvidosa ao corpo quase oco.
E gostei da introdução que escolheste e que lança um cheiro a flores e a espera de cores no ar.
Beijo
teclado por Anónimo, em 20 novembro, 2006
Então agora o vizinho de cima não quer ser comentado? É um acidente ou é mesmo assim?...
teclado por Anónimo, em 20 novembro, 2006
não sei, não sei mesmo....
talvez cada vez mais cada um tenha a ilusão da auto... (autoquê...?), talvez a escrita um nervo já sem corpo, sei lá.
ainda são pessoas as pessoas ou a transmutação vai mais adiantada do que me parece?
...ou é esta infinita tristeza e corrida e preconceito e, de novo, tristeza, a quem pedimos, escondidos num grito inaudível,um rápido mergulho na morte? (mesmo quando ainda desenhamos pontes aparentes com as letras todas do desamparo?!)
onde andamos, afinal, como nos entrevemos uns aos outros? pois não sei, de todo, não sei.
teclado por ~pi, em 21 novembro, 2006
Os balões onde falam as nossas solidões, a dele, a nossa.
Há qualquer coisa aqui que me faz lembrar a escrita d´época, uma nostalgia do tempo em que ainda víamos(com olhos de ver! - que bela expressão!) os que estavam caídos no chão.
beijos
teclado por Anónimo, em 21 novembro, 2006
Bem te dizia que isto de ver os que morrem no chão é invisível.
Que a visibilidade se prende mais com o nosso querido e cego umbigozinho - horrível de palavra, apre(!)!!!
teclado por Anónimo, em 22 novembro, 2006
eu sei e concordei. sempre soube que é assim, como sempre soube que não quero que, para mim, seja assim, essa naturalização anónima da dor.
minha.
dos outros.
embora me (re)conheça a impotência.
ponto.
teclado por ~pi, em 22 novembro, 2006
eu não comentei nada, anamaria ou então, não me lembro.
vou mais por email. até breve!
teclado por ~pi, em 24 novembro, 2006
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