Miolando

09 novembro, 2006

PATRÍCIA.despertador.

cara patrícia,

a minha conversa com deus é estranha.
a começar porque ele não é aparente e presente (às vezes pode aparecer que sim).
surge-me na cabeça e dentro dela e direcciono-lhe algumas questões.
o facto de cá morar de vez em vez, de me ser interlocutor, e de me colocar a falar sózinho e em voz baixa - confere-lhe autenticidade, realidade, factualidade?
é, no mínimo dos mínimos, eu próprio, o meu corpo, a língua que lhe articulo em modo de pergunta - sou eu?
até porque, acrescento, não questiono sequer a sua existência, para mim é evidente.
este aspecto pode trazer uma nova dimensão a este texto: a de eu não ter consciência e conhecimento dele, o que será inconsciência e desconhecimento de mim próprio.
é ou não um estranho diálogo?
há quem sinta uma espécie de necessidade em acreditar para falar com quem seja que for, necessidade a que chamam fé - eu, possivelmente patarecamente, não.
há quem necessite de falar para acreditar em quem quer que seja, necessidade a que chamam fé; eu, possivelmente patarecamente , não: falo-lhe (me) como a ti e como a mim, digo que gosto de poesia, e que a vida é assim, e blá blá.
e desse modo lhe-me coloco questões que me-lhe vão sendo importantes.
há quem precise que lhe falem para saberem um pouco de sim, precisão a que clamam fé - eu, não pedindo, patarecamente também: aguardo.
me.
te: fui suficientemente dúbio?
beijo grande.
paulo.
(casadaconchada.coimbra.9denovembrode2006)

Só para dizer...

  • Acho-te claro, dubiamente claro.
    Dás palavras à enorme confusão e necessidade de respostas que todos sentimos face ao desamparo da vida.
    As respostas que se esperam a perguntas e dúvidas sempre renovadas (até à morte?)

    teclado por Anonymous Anónimo, em 09 novembro, 2006  

  • Quando vi aquela imagem lembrei-me logo de ti, das tuas COGNIÇÕES e do teu DESPERTADOR. Tive de a publicar, porque imaginei aquele ser enorme com uma ternura desmesurada a querer finalmente responder a um querido que ele conhece de longa data. Lembrei-me de ternura e de perguntas e de ti. Por isso a publiquei, por isso te quis sussurrar a pergunta como se de deus: se tratasse.

    Foste suficientemente dubio e bastante esclarecedor. Gostei de te ler. Porque gosto de te ler e por que gosto sempre de ler os outros a pensar sobre o lhe (me) (nos). beijo enorme e saudades das gargalhadas do (me) :)

    teclado por Blogger patricia, em 10 novembro, 2006  

  • Aguardamo-nos sempre. Fazemos o que queremos.
    De facto é apenas preciso algum tempo e muita coragem para continuar a viver o risco permanente da vida. Que só assim pode viver-se, parece-me.
    Deus anda por aí!?

    teclado por Anonymous Anónimo, em 10 novembro, 2006  

  • Deus anda por aí mas às vezes tem muito que fazer, muitas bolinhas...:)

    teclado por Anonymous Anónimo, em 10 novembro, 2006  

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