Miolando

10 novembro, 2006

PATRÍCIA.despertador.(para as sete e meia?).

super-patrícia;
uma inconfidência: deus em sopro de há pouco no café junto ao mondego:
"surpreendido, todos os dias as árvores me surgem debaixo dos pés.
o sol, quando é, ventosa na testa insustentável: todas as noites o arranco como se pele e ferida. e cicatriz.
a chuva, quando é, rega no cabelo: dilúvio de não adormecer.
e quando nada, espécie de opaco cinzento ou branco translúcido, nada: ao deitar fecho olhos e abro o armário preto.
ninguém mo ensinou, aprendi eu.
deveria ter morrido aos trinta, agora é tarde: todos os dias os meus pés nos telhados da cidade.
vozes de crianças como bichos entre folhagens.
quando apetece saltar nem sempre é pelos melhores motivos. posso partir todas mas todas as telhas com estrondo.
entre folhas entrevejo crianças como formigas coloridas com t-shirts vermelhas amarelas azuis.
insuportável, posso afirmar.
ou minto ou dou um passo atrás: sei hoje menos do que sabia, com outro descanso, outro paradoxo surpreendido.
ninguém mo ensinou, aprendi eu."

beijo beijo.
(casadaconchada.10denovembrode2006)

Só para dizer...

  • Este sussurro trazia melodia de harpas (dos anjos, talvez). Lembras-te dos anjos? Lindo. Inspirador. beijo

    teclado por Blogger patricia, em 10 novembro, 2006  

  • belo texto, gosto muito deste trânsito entre sentires e palavras, quando tudo se mistura e já não se sabe o que é de quem...

    beijos

    teclado por Blogger ~pi, em 12 novembro, 2006  

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