Miolando

24 dezembro, 2006

rendez-vous

até que enfim disse a chaleira que chivava urgente.
(desemagrecia. o natal avançava.)
às vezes desejava ler letras que não conhecia ou


vê-lo atravessar de novo a vida de pêras na mão à
saída de lugares nem sempre prováveis
contrair os músculos das costas
dizer: agora tenho que ir ter com o antónio ou... o francisco....ou


acalmar as ondas comer-lhe o medo às
vezes gostava de ir sem saber galgar até longe
as rochas olhar sem crer os homens domésticos as
mulheres domesticadas os montes de
vulcões lancinantes a grelhar fins de mundo então
vinham-lhe à cabeça imparáveis o
lado de dentro dos livros onde crescera as cores
cheiros onde sub-limara as tragicomédias duma respiração
quase ainda fetal


(a torre de babel apenas frágil no olhar de bruegel
camponeses loucos demónios antuérpia ensaia
eternamente a adoração dos magos


e as letras circulares de catulo
as escritas sinfónicas de lorca)



os oráculos de delfos hão-de vir jantar um destes dias
servir-lhes-à frango e frango e frutos degolados
verdes ainda

Só para dizer...

  • Os olhos faiscantes de Bruegel, Lorca de rios e luas, de música nas mãos, Catulo desconheço.
    Os Natais dão-nos de presente as possibilidades do futuro e as nostalgias de passado para todo o sempre.
    A aldeia e os montes da dúvida, o frio e o recomeço ad eternum, é o que os horáculos de Delfos te hão-de dizer. Amanhã.
    Beijos, rios deles

    teclado por Anonymous Anónimo, em 24 dezembro, 2006  

  • tantos rios fazem mares...

    catulo é um brinca-dor do amor,é o e-terno apaixonado de lésbia, viceu antes de cristo e escreveu coisas assim:
    Odeio e amo. Perguntarás como isto possa ser. Não sei, mas sinto-o, e é um tormento... e outras coisas mais explícitamente físicas.

    os oráculos..., sim sei que hão-de dizer isso. com certeza.

    desejo-te a pouco provável neve nos montes.
    mais te desejo, este belo dia de sol a ser brilho nas folhas das árvores de casca com musgo escorrendo verde...

    teclado por Blogger ~pi, em 25 dezembro, 2006  

  • como é que eu posso contactar contigo? não tens indicação de email...
    o que eu queria dizer sobre este poema não cabe aqui...

    contacta-me tu.

    teclado por Blogger Elipse, em 25 dezembro, 2006  

  • "atravessar de novo a vida"... em Dezembro.
    Tu atravessas a vida e consegues trazê-la de volta, és o barqueiro das almas e pões moedas na boca das palavras...
    Apolo faz-te uma vénia, em Delfos.

    teclado por Blogger Elipse, em 25 dezembro, 2006  

  • que coisa mais...!!!

    beijo, beijo

    teclado por Anonymous Anónimo, em 26 dezembro, 2006  

  • como são fortes, belas e ricas as palavras!!!

    e também ariscas e frágeis no seu eterno e imprevisto encanto
    com sabor a
    canela, aventura, emoção...

    teclado por Blogger ~pi, em 26 dezembro, 2006  

  • não sei que é feito dos meus colegas blóguicos!

    andam todos na festa?
    espero que sim e que se divirtam!

    abraçoS

    teclado por Blogger ~pi, em 26 dezembro, 2006  

  • Sim gostava de ter a resposta a essa pergunta luci. Agora já nem dá tanto gosto: uma pessoa aparece, posta e ninguém comenta... mas vamos continuando!
    Andei uns tempos sem cá vir porque tive avaliações e uma semana bem atarefada, mas mal pude apareci! E vou continuando a aparecer...

    beijos**

    teclado por Blogger patricia, em 26 dezembro, 2006  

  • ainda bem que apareceste, patrícia!

    beijos, até quinta!!!

    teclado por Blogger ~pi, em 26 dezembro, 2006  

  • Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    teclado por Blogger ~pi, em 26 dezembro, 2006  

  • Desamagrecer. Desemocionar. Des. Esperar que os oráculos venham e tragam os truques de abrir almas. Ou nos expliquem porque se fecharam.
    Beijos, até já

    teclado por Anonymous Anónimo, em 26 dezembro, 2006  

  • Pões moedas na boca das palavras.
    Absoluto!

    Não consigo dizer melhor do que diz aí por cima...

    teclado por Anonymous Anónimo, em 02 janeiro, 2007  

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