AULA DE GUITARRA. luci.
o corpo estendido no olhar o tecto é descritivo
o corpo estendido a olhar o tecto:
quando se sente fortemente a imaginação:
de que vai ruir esmagando-nos a cabeça:
e não há movimento:
não há reacção de fuga:
não há sequer pergunta que suporte tanto peso do vazio
queria abrir a boca e fazer nascer flores
imagem simples
fazer nascer flores
não o universo ou átomos ou pinturas expressionistas
apenas flores;
porque sinto flores;
rio flores;
canto flores;
mas jorro sede e deserto:
não há sequer pergunta que surja de tanto peso do vazio
escrevo-lhe
de novo me envio para que me venha visitar debaixo desta pedra:
é essa a esperança:
debaixo desta pedra insuportável neste quarto e que me traga flores,
tenho sede e farto-me de olhar para mim no reflexo deste tecto que vai cair vai cair vai cair
este verso será o mais longo.
apetece um cigarro impossível.
nenhuma noite terminará puxando-lhe a palavra última.
apetece fumo.
apetece desaparecer com fumo.
não receio o escuro dos meu olhos.
não tenho medo de os fechar abrindo a noite no teu colo.
posso pousar em ti.
posso deixar em ti tudo mas tudo o que o meu corpo é,
posso despir-me.
este será o mais comprido desígnio.
o mais completo verso.
vem ver:
consigo equilibrar a minha solidão à varanda suspensa deste ruído de fábrica
numa só perna os ossos não mordem ao frio que me abraça e
(ligeiro súbito tímpano ao ouvido - eco de cão de eco)
e o olhar invertido sobe a noite como se tudo subisse a rua que sobe e nada se passa
e nada se passa
fumo
fumo muito
calmamente
vai cair vai cair vai cair
vem ver
o corpo estendido a olhar o tecto:
quando se sente fortemente a imaginação:
de que vai ruir esmagando-nos a cabeça:
e não há movimento:
não há reacção de fuga:
não há sequer pergunta que suporte tanto peso do vazio
queria abrir a boca e fazer nascer flores
imagem simples
fazer nascer flores
não o universo ou átomos ou pinturas expressionistas
apenas flores;
porque sinto flores;
rio flores;
canto flores;
mas jorro sede e deserto:
não há sequer pergunta que surja de tanto peso do vazio
escrevo-lhe
de novo me envio para que me venha visitar debaixo desta pedra:
é essa a esperança:
debaixo desta pedra insuportável neste quarto e que me traga flores,
tenho sede e farto-me de olhar para mim no reflexo deste tecto que vai cair vai cair vai cair
este verso será o mais longo.
apetece um cigarro impossível.
nenhuma noite terminará puxando-lhe a palavra última.
apetece fumo.
apetece desaparecer com fumo.
não receio o escuro dos meu olhos.
não tenho medo de os fechar abrindo a noite no teu colo.
posso pousar em ti.
posso deixar em ti tudo mas tudo o que o meu corpo é,
posso despir-me.
este será o mais comprido desígnio.
o mais completo verso.
vem ver:
consigo equilibrar a minha solidão à varanda suspensa deste ruído de fábrica
numa só perna os ossos não mordem ao frio que me abraça e
(ligeiro súbito tímpano ao ouvido - eco de cão de eco)
e o olhar invertido sobe a noite como se tudo subisse a rua que sobe e nada se passa
e nada se passa
fumo
fumo muito
calmamente
vai cair vai cair vai cair
vem ver
Só para dizer...
apesar de básica, como te disse antes...
não sei que te diga agora...
nada se passa na rua. dizes.
escreves. eu digo que se
passa na rua e mais por dentro da rua. levantado o pó da rua o tecido da rua desconjuntado passam-se as flores.
canteiros de flores-de-muitas-cores a perder-se em ...não não só na largura
também na profundidade da rua habitam flores a perder de vista******************************
a perder de voz-ecos-sem-fim-de-flores. a-perder-de-música...
mas não iludamos a vida com pedras e metais.
nem mesmo com palavras.
por isso, paulo. por isso levo-te flores com terra na raiz. ainda hoje. afinal não é tarde. ainda nem noite será...
garanto-te que o tecto não há-de cair. se no entanto me enganar havemos de segurá-lo. com flores. ou com qualquer uotra coisa por inventar...
até já*
teclado por ~pi, em 23 janeiro, 2007
para além do resto pasmo com a tua clareza e coragem.
para além do resto ainda, o texto, e isso não é excepção em ti, é de cor selvagem crua e é lindo, é lindo, é lindo!!!
(por isso, e não só, espero que os nossos amigos venham também hoje até aqui...)
teclado por ~pi, em 23 janeiro, 2007
Gostava de fazer nascer flores, de falar e saírem flores da boca para o coração de pessoas... mas as flores só saem dos olhos e dos olhos quase ninguém vê nada!!
beijos, paulo. Adorei!**
teclado por patricia, em 23 janeiro, 2007
como te hei-de falar sobre o que escreves? como te hei-de dizer que amo o que dizes, que sinto o que meio dizes, que também estarei sob as pedras, outras pedras, à espera de outros olhos, de outros colos, a cair, como tu, irmão?! que belo!
ouviste o som da guitarra, luci?
beijos, vertiginosos.
teclado por Dália Dias, em 24 janeiro, 2007
sim dália ouvi.e adoro as tuas enoções escritas!
e ouvi patrícia e vi as flores nos teus olhos!...sempre!
é tão comovente pra mim e tão bom ter o imenso privilégio, o intenso privilégio de estar aqui também. convosco...
teclado por ~pi, em 24 janeiro, 2007
somos todos bafejados pela nossa sorte...e sabemos usá-la. por isso dizia, há dias, que não vos quero - não vos posso - perder!
teclado por Dália Dias, em 24 janeiro, 2007
Que lindos miolinhos!
Que bem que sabe ler-vos!
teclado por Anónimo, em 24 janeiro, 2007
escreve mais, sarilho! gosto da tua presença. diria que quase me basta...
teclado por Anónimo, em 24 janeiro, 2007
Hola Luci. Me gusta mucho lo que hs escrito.
Gracias por visitarme.
teclado por Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte), em 25 janeiro, 2007
Texto da alma que atravessa as fronteiras a direito.
Com intensidade, como uma viagem alucinante no comboio da noite...
abraço
teclado por Anónimo, em 25 janeiro, 2007
Bom, muito bom!
teclado por Anónimo, em 27 janeiro, 2007
Enviar um comentário
<< Voltar ao blog