diária (3)
"nestes tempos últimos tenho mais tempo. não sei se me não faz mal, momentos mais para tanto poder de acontecer. escrevi do receio que sinto ao ler um poema, anotei sobre sentimento parecido na audição de melodia que me deixe abandonado a quê, atarantado perante que sentidos novos, menciono de novo o medo dos teus olhos, o teu olhar-me, desculpa, não consigo evitar - sei que não acreditas. uma mentira pode ser verdadeira. afirmar que algo aconteceu e tudo girar depois em torno desse acontecer que não foi. não questiono o motivo da invenção nem a moralidade da expressão falsa nem as possíveis consequências. descobriram-se compositores que jamais haviam composto determinadas melodias assumidas como suas. descobriram-se compositores que haviam composto determinada melodia jamais assumida como deles. sempre tive medo de ti. todo o amor que fiz foi por pânico, foi assustado que te tomei como louco, amedrontado que te verguei a que prazer. descobriram-se compositores que jamais haviam composto determinada melodia, descobriram-se compositores que haviam composto determinada melodia que não era deles. estava próximo, muito próximo de morrer tudo todo totalmente em ti, de ser a verdade mais pura e mais frágil, menos muito menos, mais muito mais." eugénio alves da cruz. beira. moçambique. 24 de outubro de 1965
Só para dizer...
não se morra de ninguém
não se morra de nós a ser nada
menos muito menos
menos mais
muito mais que
apesar da
impossibilidade da almejada
diluição nas trevas
melodias se espantam
alheias ao corpo que as gerou
/e sempre bem-vindas ?
melodias irreconhecíveis
mesmo assim
não deixam de o ser
a envolver-nos azuis
verdes azuis verdes
muito muito alto.
teclado por luci, em 27 outubro, 2007
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