Miolando

15 novembro, 2007

8ª diária

"fotografia de luz gasta, cinzas amarelos enrolada nas pontas do papel com humidade; onde estou a primeira pergunta; quem sou, segue-se: segue-me; como era; outra imagem: camisola bonita com borboto ou comida pelas traças; posso fazer um chá; comprei há dias uma nova viola e um novo arco, o som é mais doce como se pusesse mais açúcar na tua chávena; posso fazer um chá; a cabeça que se separa do pescoço quando inicio a serração das cordas; à qual espeto os olhos, furo a cabeça com um som que me surpreende, uma corda grossa surgindo do tecto e balançando sobre o vazio, agarro-a?; salva-me; a língua cala-se, finalmente se cala; não preciso de palavras para o silêncio que a minha vida gostaria de ser; a minha vida sem mim; a minha vida comigo a mais; as vezes que toquei foram as mais verdadeiras; posso fazer chá quando me entrares devagarinho; em silêncio; podes cantar; ensina-me a cantar; como invejo a voz; quando me entrares devagarinho" eugénio alves da cruz. lisboa. 15 de novembro de 1978.

Só para dizer...

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