
a ideia fixa de
.
.
quando dançares
sustém
os braços certos e
outras ondulações (a
anca estreita).
quando dançares,
fá-lo de frente
e rasga o salto preso, o tempo
no ritmo dos próprios passos.
dança,
círculo móvel,
profundo
contorno
dança, na luz abissal.
e mantém agora,
no momento exacto, o grito aberto.
ao parar a torção,
desfaz
(slow motion!)
na mesma dança
os corações, as cordas, os traços…
Etiquetas: deuses...passeando na brisa da tarde, hipnose
as torres deslocavam-se
em paralelo no tabuleiro
os cavaleiros desapareceram
levaram-nos as nuvens
os peões deslocaram-se
em todas as direcções
nas passadeiras
o rei há muito xeque-matado
permanece a raínha
imóvel de pé
Unam-se as torres
Liguem-se à terra
que os cavaleiros
ao menos
rasguem as nuvens pela luz
e jogue o sol esta partida.
(música no rádio, cigarros, garrafa de vinho tinto, cerejas e promessas)
quem ainda não esfolou o corpo de deus;
e lhe vestiu a pele;
e, voando na tontura de um prazer nocturno
- quem não morreu já contra o asfixiante clarear da cortina?
casa de são dinis, porto. 18 de junho de 2007.
side of the road
Ateei o fogo
quebrei as portas de bronze
desfiz sinais nas pedras lisas
enlouqueci os adivinhos
minha língua tornou-se tão
estranha
que não se pode entender
as multidões vitoriosas
levantam em teu nome grinaldas
tamboris e danças
despojos de várias
cores
tomo o caminho por onde vieste
tropeçando como os que não
têm olhos
/josé tolentino mendonça in a estrada branca fotoGismo/
para quem tocamos?
a procura da imagem que organize a ausência
(porque não abrimos a porta ao soar da campainha?)
tem-se esta noite para ter esta noite
e adormecemos com medo de ser acordados
a pergunta repete-se
porque não tocas?
casa de são dinis, porto, 13 de junho de 2007.
à minha volta sombra
penumbra
e um fino fio de sons que lanço com os dedos procurando os dedos teus
para que me saibas chegar
regressar
sou eu
e este verso será o mais longo da vida:
à minha volta luz
não receio o escuro dos teus olhos
não tenho medo de fechar os meus abrindo a noite no teu colo:
posso pousar em ti
posso deixar em ti tudo mas tudo o que o meu corpo é
posso despir-me
o mais completo verso
vais ver:
à minha roda danças:
está na hora de subirmos
está na hora de assumirmos o nosso risco de morrer
casa de são dinis, porto.7 de junho de 2007