Miolando

31 agosto, 2006

In English

Rain falls on everyone
the same old rain
and I'm just trying to
walk with you
between the raindrops
The Smashing Pumpkins

Rain falls on everyone
the same old rain
and I'm really trying to
walk it through
gathering the raindrops
Just me

Assim continuo, luci

















Um grito de ajuda vai subindo
no azul... mas não chegou
e as pedras caíram
os portões abriram

e a vida foi-se.

Só ficaram vidros partidos
vidros por quebrar.

Quem tem janelas de vidro
não atira pedras
não abre portas
nem portões...

30 agosto, 2006

ir não ir

por onde se diluiram os pés em que pedras se escondem que folhas reviram e perdem quantas buscas fizeram, percorridos espasmos, medo, gelo, lâminas.

agora é tempo de voltar ou ir de novo ou nunca voltar sempre é inútil revoltar melhor ficar seja onde for,
ficar mesmo perdendo a última melancia, o último navio, o último mergulho.

28 agosto, 2006

nossa senhora, quim, roberto

voltei hoje dos encontros de asa. dos anjos, finalmente, de que tínhamos falado. dos anjos a sério. encontrei-os por aí: em comboios, palcos, em palavras, ouvidas ao acaso. misturando asas e desalento, às vezes uma magnífica e irrecusável miséria ancestral, massa de um cinza desamparado, tortuosa, deserta, magnética. abri também eu as asas, um pouco apenas. a ensaiar voos, pequenas elevações. meros ensaios, pouco precisos muito precisos, lembrar o trigo da minha avó, misturar os alucinogéneos que se lhe escondiam, escuros e preciosos, sorrir à poeira espantada e terna das gentes de rocha e dor, das gentes de vinho e mel, ancorar a minha própria dor gravada e de-corada, ali mesmo, por ali, precisa, exacta, esgaravatada naquelas mesmas pedras, quartzo, feldspato e mica, planalto, brilho lunar, brilho branco, brilho incandescente, nas horas paradas para sempre penduradas nas estações onde o comboio deixou de passar há que tempos e no entanto ainda os fogos e as faúlhas no olhar, o choro seco das despedidas, o apito ali mesmo, o silvo breve que antecede o movimento, tudo ali, as asas também e logo nada e logo nada, apenas o acende-dor dos candeeiros e o lobisomem que assombra perdidamente o desassombro; candeeiros de lâmpadas que empalidecem velam o conta-gotas de uma solidão pastosa neste ocaso lentíssimo que antecede uma coisa grande, imensa, maior que ela mesma. e é então que o roberto, sim, ele mesmo, convida o orgulho de ser portugal aqui, a saudade de ser portugal aqui, é então que apresenta o filho para cantarem os dois o hino nacional, e é a seguir que quem já não tem pernas para ficar até ao fim há-de confirmar mais tarde, ansiosamente, se ele cantou o hino, ao que respondo que sim, ao que sossego que sim, exactamente igual a sempre, exactamente como há mil anos no futuro atrás.

25 agosto, 2006

...

Às vezes sabe bem um abraço
um afago da alma

segurá-la com as mãos inteiras
segurá-la só.

Não deixar cair e voltar a pousar com carinho
com receio mas sem medo.

Um toque suave, um roçar inocente
um carinho ternurento, um olhar envolvente...

pode não ser ali que vais encontrar
mas é ali que sabes que ainda vais encontrar
(e que existe).

23 agosto, 2006

No mês de Agosto há muito tempo atrás

Nuvens desbotadas pela luz descendente
Véu diáfano no horizonte
tentando encobrir a imensa linha azul
que luta pela ribalta com a poderosa e maciça costa.

Porém, a manta escura e carcomida
aproxima-se para abraçar a luta escusada.
Em breve quem ditará as regras
será a enorme bola que se ergue
apoiada pelo rei que acaba sempre derrotado...

06.08.98
Algarve

22 agosto, 2006



Um rosto...
Dois olhares...
Um sorriso...
Duas bocas...
Uma alma...
(Metade minha,
Metade tua,
Mas uma só alma)
Um sentimento...
...Mútuo...
Uma vida...
...Partilhada...
Uma esperança...
...Tua...
...Minha...
...Eterna...
Um sonho...
Quatro olhos que se fecham...
O mesmo sonho...
...Estas lá...
...Estamos lá...
Dois seres...
...Inacabados...
Um ser...
...Perfeito...
Tu e eu...
Eu e tu...
Nós os dois...
Uma pessoa...
Feliz Aniversário coisa linda :)

20 agosto, 2006

casas-de-sombra


" O dia acaba por passar completamente,

para sempre,

e não houve canção, seja de que espécie for.

Há aqui um problema."


Samuel Beckett, Happy days






" (...) ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:

amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um

oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga."


José Luís Peixoto, As tormentas

casas-de-flores

havia esta inteireza nas casas,
a evidência das flores, crescer nas paredes
pequenos deuses da floresta
asas de sol
mantas de cor,

estrelas despidas no pó.
à noite, pequenos animais enovelados
descem murmúrios
às traves do silêncio
passos leves de anjo
restos de verde
olhos na terra
arada

18 agosto, 2006

Leituras de Verão...


"Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem."

17 agosto, 2006

proibido subir ao altar.

[pauloalexandrejorge.festasnossasenhoradabonança.
praiaamorosa,vianadocastelo.12deagostode2006]

a quem serve o que escrevemos?
a quantos, se for de contar imperfeito?
se for de utilidade e a utilidade se aplicar em medidas iguais ao metro ou à polegada?
se o verso for uma reza e a reza ecoar só em nós e para nós, como um candeeiro pessoal que apenas a nós nos ilumine?
a sede mata a sede.
a fome mata a fome.
a morte mata a morte.
multiplicar para quê?
a sede mata a sede.
a fome mata a fome.
a morte mata a morte.
deve haver uma palavra boa no interior;
e como a contar, como a ampliar, como a oferecer na boca vinho na boca pão?

[casa de são dinis. porto. 17 de agosto de 2006]

14 agosto, 2006

L u Z


de repente

parecia que o verão inda estava a nascer
e já era outono

de novo a luz deslizando

por dentro dos cardos arroxeados

em leve sobressalto


tavira,2006

mergulho (a água está fria a alma está quente).


vamos pela manhã e depois é tarde: o impulso e depois é tarde, vamos no ar e depois é tarde, suspensos e depois é tarde, fazer assim com os joelhos: mas antes assim com a inconsciência, dobrá-la e lançá-la para a frente assim, empurrando de espanto o corpo: um susto e é já tarde, estamos no ar e é já tarde, bater os braços de nada serve, melhor afilá-los em pontaria errada, o ar que for é, a altitude que for será, a queda que será forá, a pancada do furo e da falta de ar, de nada serve à asfixia a barbatana e o bruáá, o ruído surdo do fundo embrulhado na onda que nos atropela, o olhar perdido, o olhar trocado, a cabeça gelada, o equilíbrio tonto em recuperação e é já tarde, já final do sol, pôr-do-dia quando formos completamente de novo em pé, menos peixes de novo homens de sal em direcção a ti onde que aguardas na areia.
por muitos sorrisos ao sol, por muitos banhos que me dês, juro que hei-de escapar desta praia, juro que depois é tarde.

[praia da amorosa. viana do castelo. 13 de agosto de 2006]

11 agosto, 2006

júlia, alice, luís

repito "cambada de mortos-vivos que se deixaram morrer para não sentir uma veia pulsar" repito, repito, repito. parar as águas turvas turbulentas, caminhar como quem respira, não pensar. ser também morto-vivo ou deixar a água permanecer até ser clara? o medo, o grande medo, pois, aquele que nos faz ser vegetal, esconder a dor, jogar jogos de berlindes e palavras no escuro, escrever a-gastada-mente a dor em vez de chorá-la e gritá-la, morrer silenciosamente para ninguém reparar, para nada, eu, tu e todos os outros, escrever coisas repetidamente iguais em cadernos e em teclados a pessoas que nunca vimos nem queremos ver, hesitar muito, mandar bj em vez de um beijo, abrir muito os olhos ao poço de alice, ao poço vazio de alice de quando éramos alices. dar por mim a descer o intendente, domingo à tarde, lisboa, um suor seco, passo a passo, de repente íntima de lixo e vómito, gente ali caída em nada distinta do lixo, um homem-boneco arrastado por uma lambreta igual à do nanni moretti percorre a irrealidade da tarde de lisboa, são quase 5 horas, lembrar que tudo arde, que tudo arde e a pequena júlia e alice, miragens, trago do teatro ao peito, igual a um braço ao peito, o 3º homem, que usa chapéu e flores nuas nas mãos, a mulher que se lança da torre eiffel e sobrevive, o cão cujo nome esqueci, a laurie farta de avisar que não há piloto, avisa da crashlanding, "there is no pilot and we´re going down, we´re all going down..."
lx 2006/08/06


a melhor parte dos blogs são os comentários aos textos e às imagens dos outros; gosto de ficar, de criar o tempo para ficar a viajar nas palavras que estão ali e que foram escolhidas, pre-cisa-mente escolhidas no meio de todas as outras por aquela, digo, aquela e nenhuma outra pessoa naquele momento.

é um exercício engraçado, feito de bocados do outro e bocados de nós que são convocados, uma plasticina de tempos e reflexos que recria e molda algo de fundamentalmente imprevisível. gosto do tempo que demora este processo, de despir o que ali está para ser despido e revelado ou então de ficar a ver quantos vestidos vestem aquelas palavras, quanto tempo dura o som dos olhos no restolho antes de escurecer, antes de clarear...

curiosa-mente, muitas vezes vejo e sinto muito mas pouco ou nada acrescento ao que vi ou li. talvez algum pudor, medo, talvez o horror de me traduzir num " a -vida -é -assim..." ou "então -ainda -se -quase-morre- de -amores?" ou " vá,-então, -afinal -...?",o certo é que o que gosto mesmo, é dessa viagem sempre fresca, nunca encerrada - sem destino e sem desfecho, das palavras e dos sentidos em cruz. do do caminho.

tãopraiapele.

imaginemos uma praia longa tão longa a perder de vista longa tão.
há a lógica areia a terminar a espuma e a evidência da onda a afundar a terra.
mas o paradoxo mantém-se, ainda que o areal perdido ou o final deserto do pôr-da-tarde:
o mais humano que ali se vem prostar em desejo final sobre a toalha se lança em caminhada eterna à beira-mar na procura de sentido.
não bastam as cores de calções.
não são suficientes os cheiros cremosos.
em débito penas gaivotas.
mancam os sorrisos de sal e os jogos molhados.
tem de haver um tesouro escondido no dourado ou a caravela que nos embarque no horizonte.
assim se compreende a praia.
no final um início para lá de.
como um esforço mais para lá de um limite.
haver a tua pele longa tão longa, amor, e para cá todo o teu bronzeado longo tão.

[praia da amorosa, viana do castelo. 11 de agosto de 2006]

10 agosto, 2006

Do fundo do baú

Só, na sala silenciosa.
Casa vazia, jardim morto.
Parece que a morte se avizinha...
Só, no quarto desabitado.
Cama feita, janela fechada.
A morte já chegou.
Invadiu a minha alma,
sugou-me o coração,
encheu-me o cérebro de imagens
do passado longínquo e feliz.
Só, na varanda quieta.
Rua serena, sem passos e risos.
A noite está a nascer...
Tudo vai ficando escuro,
não há lua, nem estrelas.
Só, no corpo invadido.
Alma morta, cérebro vazio.
Só o meu coração está cheio,
inundado de ti.
03.11.95

08 agosto, 2006

a-braço (com elevação)




mais do que uma árvore que abraça uma pedra,

o lado possível da impossibilidade

Sem título

Era plano, vazio. Alguém viu um bloco disforme, rugoso, de pedra. Então transformou-o num quadrado polido, suave. Tricotou uns buraquinhos, picotou um rectângulo vertical. Protegeu o quadrado com um chapéu de três bicos... porque se não tivesse três bicos não era seu.
Cortou pelo picotado e abriu. Lá dentro havia laços, cores. Rosa para sorrisos, azul para lágrimas, vermelho para o amor, preto para a noite, amarelo para as estrelas e branco para a serenidade.
Abriu o tricotado para fora e deixou entrar o doce, o amargo, o silêncio, o riso, a música, o ruído...todos os sabores e sons do mundo. Prendeu o tricotado com um botão e depois deixou que as cores, os sabores, os sons e cheiros se misturassem, se recriassem, se unissem. Assim fez um coração da pedra.

Veio uma bola. Laranja como o fogo. Queimou o tricotado, rasgou pelo picotado e arrancou os bicos do chapéu. O quadrado desmoronou quadradinho por quadradinho e ficou em losangos no chão. Libertaram-se os sabores, os cheiros, as cores e os sons. Dissolveram-se no ar. Ficou apenas cinza, silêncio, queimado e amargo. Assim se fez um coração de pedra.

07 agosto, 2006

O sussurrando roubado

joel faria - Apúlia - 05 de Agosto de 2006

Não é nada novo, e cada um é único,

as voltas das coisas, das cores,
dos cheiros e das memórias,
tudo gira à volta dos dias também.

Os desejos, por hoje, ficam para amanhã.
Que eu não quero ter mais forças. Aborrece-me.
Apetece-me vegetar por um final de tarde,
apanhar na cara o vento e as areias da praia,
Deixar as estrelas e as meta-físicas para outros.
Apetece-me não pensar, apenas ver a casca,
O reboco, o talhado do por do sol.
E nada mais.

Um último suspiro encerra os pensamentos,
Leva para longe todas essas coisas assim.
Concentro-me no som das ondas,
na silhueta dos moinhos, nas dunas,
e nas cores que rematam o dia.
07.08.06

06 agosto, 2006

...

Estás ai, sempre ai, debaixo de um céu que chove... mas sem chuva... vejo-te... olho-te... sinto-te... ou não estas... Serão sonhos meus? Que sejam sonhos, porque sonhos vivem mais que o carnal... só sonhos vivem... só sonhos morrem... e eu sem ti morro... morro de dor... morro de medo... morro de saudade... morro de amor, e amor é doença já dizia Pessoa... mas morro de morte por não te ver... és veneno talvez... morte de meu ser. E vejo e revejo esse esse céu sem cor, essa chuva de dor que cai como desalento abandonado. E tu continuas ai... e eu continuo a te ver... olhar... sentir... mas não te encontro... e tu continuas a ser a minha visão mais sagrada... mas profana... o sonho mais oriundo da alma... e desfragmento todo o corpo para te atingir, mas pareces fugir... e eu choro...

Mas como posso eu chorar a falta daquilo que nunca foi meu?...

shhhht

As folhas passam, e algumas, ficam mesmo a branco. Mas eu sinto necessidade de deixa-las assim, respirar, para que mais tarde tenham espaço para eu trabalha-las. Deixa-las amadurecer, ganhar manchas, pontos, rabiscos, contornos, que as torna únicas. A luz, essa, dá-nos um olhar deambulante a cada folhear. Apetecia-me falar de tudo, mas nas palavras não encontro nada. Tiro fotos, capto imagens, até as pilhas se esgotarem. O horizonte, amanhã, passará por aqui outra vez.

04 agosto, 2006

não o silêncio, meio termo, talvez, quanto baste, talvez.

luci.
anda em mim a ecoar a estival sensação de a poesia não pretender o silêncio. meio termo, talvez, quanto baste, talvez, um tempo entre o que se vir e o que se contar, a pele e a ideia, o sexo e a falta, o amor e o silêncio. em associação livre, talvez a estação ideal seja a primavera. ou o outono. caminhos médios. caminhos curtos mais ou menos como pedaços momentâneos de encruzilhadas fotografadas de cima.
recolher as cores trazidas, esquecer um pouco a sua mão
(deixar-lhe os dedos da voz, de metade do olhar).
partir de novo para o sul, novo verso de perda e de ilusão, o mapa.
bocadinhos de gotas de chuva pequenina e bocadinhos de raios de sol fugidio.
parecer que, parecer.
anorak à beira-mar, caminho sombrio na floresta (lobo-mau e/ou capuchinho).
pedacinhos de frio e pedacinhos de afogo.
adivinhar que, adivinhar.
aqueles lábios daqui a pouco finos, daqui a pouco, nos meus.
[praia da amorosa.viana do castelo. 4 de agosto de 2006]
[fotos:pauloalexandrejorge.caminhoparaviana.31
dejulhode2006]


Sara Costa Outside the window












E veio a Sara propor-me um desafio: que tal trocarmos os posts? eu apresento-te e tu apresentas-me?... fica aqui a minha tentativa...

A janela está escura, mal se vê para dentro. Todo o interior se mantem guardado pelo mistério. Uma pequena chaminé solta vapores de vida. Saem letras, palavras, névoa de frases em sequência, cadência e sincopadas. Um ponto final surge. Tudo para. Ando à volta da casa, e tento descobrir uma fenda que seja, que me permita descobrir um pouco mais desse mistério. Uma luz precipita-se numa das janelas. Chove perto do horizonte, as montanhas agitam-se na tempestade, o sol deixa um rasto de encarnados nos céus. Voltam letras a sair da casa. Jorram frases para os céus, as nuvens pedem. Pouco depois um rio de àgua desfalece das nuvens. Tudo ali parece obedecer ao sentido das palavras, das letras. E a janela voltou a estar escura...


uma amiga chégada as known as the soulmate, acerca da Sara:"eu acho que ela continua um misterio para toda a gente!!"

E dito isto...

qualquer coincidência é mera influência

Joel Faria The man who stole the wisper




O Joel, o meu amigo Joel :)
Sei que por muito que divague aqui nunca conseguirei dar a entender verdadeiramente a pessoa fantastica que é o Joel... mas posso tentar... ou talvez não possa, não posso dar a entender como é uma pessoa, mas posso falar dele de outro modo :)
Acho que começo por falar do amanhecer que ambos vislumbramos, o céu a retomar as cores diurnas, o primeiro raio de sol que trespassa as arvores onde os primeiros passarinhos cantam (aqui tem um que canta as 4:30h, já te falei dele, canta as estrelas), e nós ficamos sentados a olhar o Sol nascer por entre os buraquinhos da persiana (também olhas pelos buraquinhos da persiana? Eu olho) e quando decidimos ir dormir já os raios de Sol nos cruzavam os quartos (beautiful).
Ai como sou má influencia e te faço ficar na Net até ser dia...
E Arte, és apaixonado por arte, desenho, fotografia, música, etc. Por todo o tipo de arte, e desenhas como só os Anjos meu amigo :)
Que mais poderei eu dizer deste menino? Talvez até nem seja a pessoa ideal pra falar dele, não conheço a muito tempo, mas parece... Parece que sempre o conheçi... Pareçe que sempre me conheçeu. Por isso digo e afirmo que o Joelito mesmo sendo o menino silencioso sempre a rabiscar na sua folhita durante a oficina de escrita :), é uma pessoa fantastica de um coração ENORME, um amor de menino :)
Bem... sem saber mais o que escrever... vou esperar o Sol nascer (ficas aqui comigo hoje?).

Com os maiores comprimentos a todos
Sara Costa

03 agosto, 2006

ai as férias!

Sim, claro que há inveja aqui! E não sei se só falo das vossas férias...desculpem o mau jeito, mas gosto des-con-certada-mente de amarelo.

Pois, estão todos por aí, eu também vou estando por dentro de mim, presente e ausente, quando repito interminavel os gestos prescritos e proscritos de todos os dias, irreconheço lugares e pensamentos de sempre, as mulheres que anseiam à porta das lojas por um cavalo branco mesmo que não branco, azul, mesmo sem cavaleiro...

A vida a entristecer um pouco mais ao cair da noite, já quase a desejar os rumores das praias apinhadas, suspender luas no ranho dos meninos, sentar-me entre as famílias que sussurram entre si, que gritam silêncios de cimento, se pudesse matava-te, se não tivesse medo que alguém reparasse, torcia-te o pescoço aqui mesmo e ia para casa a correr,andar nu , dançar, sim, já quase a desejar ser eles quando me olham com olhos de animal espantado, pontes fora, ruas dentro, virar ali, a mesma porta, os mesmos traços,a mesma perna para fora do carro desembrulhado doutros carros agoniadamente iguais...

Porque ando a frequentar funerais nestes dias de verão e pergunto ansiosamente a toda a gente como se chora, se ainda se chora? ainda se pára nestes dias gerais das férias para ficar muitas horas no silêncio? como podem os cadáveres caber no verão quando o vento mal se pres -sente e no entanto é capaz de furar os olhos e atravessar a língua? Mesmo as palavras estão agora relaxadas, pouco o reboliço, o fogo arde amarelo, papel, palavras contorcidas, pois que seja verão...

02 agosto, 2006

Uma pequena oferenda

Este ano dei aulas a uma turma de sétimo ano e um dos meus alunos tem um avô que teve a imensa sorte de conhecer e ser grande amigo do meu poeta Eugénio de Andrade. Este aluno partilhou comigo alguns poemas que o Eugénio dedicou ao seu amigo. Agora é a minha vez de partilhar convosco esta pequena dádiva que me foi concedida. Está escrito com a letra de Eugénio de Andrade e tive de descodificar o que ele escreveu. Espero não ter cometido nenhum lapso. Se cometi, peço perdão. Aqui fica:


As Palmeiras

Também o deserto vem
do mar. Não sei em que navio,
mas foi desses lugares
que chegara ao seu jardim
as palavras.
Com o sol das areias
e a cada folha,
o sopro das estrelas.

01 agosto, 2006

Aqui vou eu...

para o blog... mergulhar nesta primeira odisseia das palavras em reboliço na web. Belo sítio para reboliçar!
Estou em queda. Não vertiginosa, mas suave, quase uma pluma a planar e a rodopiar no ar. Com tempo para saborear cada momento das várias quedas da minha vida. Sim, porque tenho muitas. Tenho uma queda por música, uma queda por livros, uma queda por ilustrações infantis... Aqui sou como o Peter Pan, nunca caio! Tenho uma queda por História e uma queda por escrita, entre muitas outras. Mas apesar das quedas, sou queda.
É isso mesmo: sou uma queda com uma queda para muitas coisas!