Miolando

31 dezembro, 2006

dias abertoS





















acordei há pouco.

vesti uma camisola carregada de passado

carregada de presente.


vim aqui em corpo e alma para vos trazer um

eeeeeccccooo

um eco reenc
ontrado


porque sei (também eu!) que

cada coisa que sentimos e fazemos se solta respira

e reproduz ecos de vida "cual efecto mariposa"

(obrigada brisa-mixtu por reforçarem este olhar!!!)


por isso vim e estou aqui tal como acordei hoje

para ser feliz e vos convidar a ser felizes

nos muitos dias de dança e abraços

que nos seguem











Bom 2007!

30 dezembro, 2006

new year's resolutions





i
s

c
o
m
i
n
g
.
.
.









next...

29 dezembro, 2006

Os rebichanos


















...cada um com o seu.

in-timida-de

Começámos por nos desnudar
e agora temos vergonha de nos vestir.



28 dezembro, 2006

depois da rebentação o berço

Junto as ovelhas
os corvos as árvores

as ondas as sereias
um farol...

ponho tudo numa caixa
e lanço-os ao mar.

Mas a rebentação já me conhece
e tudo há-de
enrolar na areia
ninguém sabe o que diz
bater na areia
e voltar a casa
porque se sente em feliz!

Tudo há-de voltar

porém
num berço.

24 dezembro, 2006

pássaros na alma




na impossibilidade de

te ter

prometo às nossas almas

os natais do

futuro



(mais tarde)

rendez-vous

até que enfim disse a chaleira que chivava urgente.
(desemagrecia. o natal avançava.)
às vezes desejava ler letras que não conhecia ou


vê-lo atravessar de novo a vida de pêras na mão à
saída de lugares nem sempre prováveis
contrair os músculos das costas
dizer: agora tenho que ir ter com o antónio ou... o francisco....ou


acalmar as ondas comer-lhe o medo às
vezes gostava de ir sem saber galgar até longe
as rochas olhar sem crer os homens domésticos as
mulheres domesticadas os montes de
vulcões lancinantes a grelhar fins de mundo então
vinham-lhe à cabeça imparáveis o
lado de dentro dos livros onde crescera as cores
cheiros onde sub-limara as tragicomédias duma respiração
quase ainda fetal


(a torre de babel apenas frágil no olhar de bruegel
camponeses loucos demónios antuérpia ensaia
eternamente a adoração dos magos


e as letras circulares de catulo
as escritas sinfónicas de lorca)



os oráculos de delfos hão-de vir jantar um destes dias
servir-lhes-à frango e frango e frutos degolados
verdes ainda

23 dezembro, 2006

little drummer boy




























david fonseca | 21.12.06

22 dezembro, 2006

alegria, perdão, alergia no Natal

Nesta noite fria e gélida
vou deixar o coração
ao borralho
e pendurar a alma
na lareira.

Já embrulhei os meus desejos
já empacotei os meus sonhos

agora espero
que os desembrulhem
debaixo da árvore
à meia-noite.

Se ninguém os encontrar
espero perto da chaminé
se ninguém chegar
vou eu pelo meu pé

caminhar sobre a neve
da lua do céu
encontrar o velhote do trenó
e tirar aquilo que é meu.

(quando se descobre que afinal há pais que não existem...)

18 dezembro, 2006

COGNIÇÕES.bolaparadecoração.feliznatal.

(casadaconchada.coimbra17dezembro2006)

17 dezembro, 2006

danças





















abre as tardes sem medo

cruza as pernas

abre as pedras



abre o cheiro do fumo lagares

fogo azeite e mel

às pedras do frio abre os dentes

acorda agora nas pernas

o colo quente da lua


abre então os ossos

nada senão cinza











14 dezembro, 2006

berços


de pouco serve o azul
a lama parda

de pouco serve ser
agora

berço















berço
graça fumega grassa

berço lídia graça
baba areias som
dos olhos do mar de longe
dos nós ontem dos nós
atravessados nos dedos
abertos
bolas de sabão


jardim de berço lídia
jardim de berço embala
sonhos soprados sorrisos
precipício lento espelhos
transversalmente
lídia adormecendo em ti
no berço na graça






13 dezembro, 2006

Eu e tU

Sempre acreditei em tI
sempre soube que estavas aqui, aí, ali
em todo o lado!
À noite quando falo baixinho
na minha cabeça
é contIgo que eu falo.
Quando peço pedidos
é a tI que os peço.
Nunca duvidei que me acompanhas
nunca por um segundo
nunca em segundo.

Agora já não vou lá tantas vezes
ao sítio onde costumava ir.
Lá não falava contIgo
só pensava em tudo, menos em tI.
Mas eles não percebem...
não entendem...

Mas que me importa isso?
Só importamos eu e tU...
e se tu sabes
aquilo que sabes que eu sei,
então sabes
que eu estou sempre aqui para tI
então sei
que tU estás sempre onde te posso encontar.
Então sabemos...

(desconhecido e povoado, amplo espaço num
alguém por pacientemente esperava enquanto escrito)

11 dezembro, 2006

DESPERTADOR. natal.

em presépio psicanalítico não há época em que os anjos sejam mais barro, josé enormidade de inconsciente: conversar contigo seja mais banal.
gosto do natal mas no meu verso não consigo pendurar o menino jesus que tão velho e ainda se desiquilibra como um miúdo: há anos que o não consigo suspender. nem à estrela. nem ao oriente.
nesta época apetece trair-te. pela vulgaridade que assumes e em que te tornaste e não suporto não te achar interessante, não desejar. que farias se te traísse, deus? se te trocasse? se me apaixonasse e fizesse amor com outro?
confesso. perdoa-me.
(casadaconchada,coimbra.11dezembro2006)

09 dezembro, 2006

O criador de rebanhos

Criei um rebanho
muito bonito e vistoso
com ovelhinhas tresmalhadas
que andavam por aqui com ar dengoso.
Peguei num lápis e rabisquei
elas vieram ao meu encontro
seguiram as marcas do carvão
em filas e a marcar ponto.
Não tenho cão para as ordenar
e elas seguem-me, não me largam
nem tenho cajado para me apoiar
já me meti em trabalhos!
O que hei-de eu fazer?
Quanto mais escrevo e desenho
mais ovelhas aparecem
para aumentar o rebanho.
E se parar? Era uma boa ideia!
Mas depois começo a contar ovelhas
sem parar, em cadeia.
Mais vale continuar a rabiscar
isto não tem solução...
Se não afastar as ovelhas
pelo menos afasta a solidão.

claridade em 4 actos

a
r
r
a
s
t
a
-
m
e
.













em finas lajes, rudes ervas, ricas riscas de luz em quatro tempos...
chove, não pinga, branco noite, vou ficar a suponhar.

08 dezembro, 2006

Sonhos Gordinhos

Com um brilhozinho nos olhos
disse "Rita, põe-te em guarda."
Ela que já dormiu com homens de briga
pediu-me para que eu lhe diga
quantas vezes o coração já bateu por nada!
"Às vezes o amor é cego e surdo e mudo..."
foi o melhor que arranjei!
"Então o que hei-de eu fazer
quando o amor me entra pela porta da frente
e deixa a porta toda escancarada?"
Não sei... mas a Deusa do amor deverá saber...
balbuciei.

"Mas qual Deusa do amor, qual quê?" atira o Rei do Zum-Zum.
"Eu tenho a fama e o proveito."
"Ninguém é perfeito!" sussurra o velho samurai,

a palitar os dentes, mesmo com alguns ausentes...
"Disso nada sei, não ouvi, não vi... nem fui à escola!"

adianta-se o Ás da negação
antes que alguém lhe dirija um frase
de pergunta com entoação.

O primeiro dia com o Porto aqui tão perto
soube-me a pouco, hoje soube-me a pouco...
então quiseram provar o primeiro gomo da tangerina

e soube a tanto, portanto
soube a pouco!

Toca a ir numa marcha centopeia
ver o Circo Monteiro
onde nunca chove... só neste país!
(É que se diz só neste país, só neste país)
A atracção principal era o big one da verdade
que mostrava as ondas que vêm e partem de nós
enquanto gritava que a vida nos experimenta e rebenta!

No meio de tanta agitação
ainda há tempo para cultivar
a Árvore dos Patafúrdios
e se regozijar com os seus frutos
que se juntaram nos nossos redutos!

E à frente dele
a amizade e admiração
nas palmas da mão.

06 dezembro, 2006

COGNIÇÕES.telefonema.

(ilustraçãoretiradadolivro"maquinas",editadopelakalandraka.
continuosemlembraronomedoilustrador,peloqualpeçodesculpa)

é tão bom é tão bom. das coisas boas: a voz escutada ao telefone oferecendo frescura ao desenho das palavras que nos vêem contando como é, como tem acontecido em teia de aranha a sua alimentação: das coisas boas desta única tarde do mundo: deve haver vida para além do poema.
já escutei histórias de gente que se calou para sempre depois de fazer amor. como conseguir morrer devagar, unindo uma perna de carne a outra de outra coisa qual: que soletre de vez em vez quanto baste soletre, q-u-a-n-t-o-b-a-s-t-e com langonha.
mas o que queria escrever: como gostei de a reouvir.
esqueci o livro quando fui jantar.
inventar a máquina que cole o cuspe à boca, a língua ao som, a imagem ao calor.
procurar o livro no escritório.
mas o que pretendia registar: tremer quando é para tremer, tremer quando é para tremer
.

(casadaconchada,coimbra.6dezembro2006)

05 dezembro, 2006

lupa



gostava que fosse mais claro pra mim

de que cor vestem o dia os teus olhos brancos

de que cor vestes hoje o branco nos olhos


de que ontem lâmina

de que hoje pássaro

de que hoje azul
amanhã de manhã





04 dezembro, 2006

Lançamento de livro (convite)






apareçam.

máquinaparadarpassosdegigante.

(ilustraçãoretiradadolivromáquinas,editorakalandraka-esquecionomedoilustrador,peçodesculpa)

parti há pouco cheguei há pouco parti de novo cheguei há pouco. não vou escrever sobre a indefinição. não é à toa que me preocupam os sentidos, as direcções, o norte e o sul. nem o abraço que lhe dei como se fosse mais uma vez o último. não chores à janela não coloques a palma da mão no vidro vai-te embora que quero esquecer e olhar já em frente voltar a ver-te só depois.

que quer dizer yabak? a fotografia é bonita. apanho-te, luci. à hora que o anotas também estive perdido: aceito a ideia: convidas a malta para o próximo sábado, dia 9, pelas 21.30 em frente ao teatro são joão - jantar depois na adega ribatejo (à rua alexandre herculano)? quem conhece a madrugada de dia 10? a de hoje será em torno da epistemologia psicanalítica. não posso adormecer.
(casadaconchada,coimbra.4dedezembrode2006)

03 dezembro, 2006

yabak



















estou do-ente


estou praticamente morta

(aliás) aliás???

a alma despenhou-se do corpo e fez-se plátano

Z
S
T

T S Z ZZZ

(um plátano gigante!!!!! )


SOCORRUUUU
UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU


margarida luís gary margarida luís

luís

ga-ry

mar-ga-ri-da

lu-ís

estão aí?

apaguem as luzes o jogo acabou!


AGORA.





a visitação ao corte inglês


ou a rarefacção das almas


(face à consumição mirrada dos corpos, além____________________________________)