Miolando

29 abril, 2007

sabores de domingo

Gosto de caminhar

calcorrear
ruas
pedaços de pedra juntos
num tapete de cinza bruta
Gosto de andar
vaguear
ser levada
pela passadeira rolante

Calço calco
com as minhas sapatilhas
o duro o robusto o sólido
e olho para os pés
sabendo que eles
estão na terra
com força
e que as raízes
vindas de cima
trepam pelo corpo abaixo
e me preenchem com heras
mas nunca me deixam
ficar no mesmo lugar.

new.approaches








sexta feira. lisboa.

fim de tarde.


procuro a casa da bruxa

perdida na floresta.

compro roupa. sandálias.

o calor é excessivo.

devaneio.


resisto às graças.

ao enfeitiçante destino dos eléctricos.

reconheço em cada um o convite:

atravessar a extensão da água no caminho da ida


anexando logo a decomposição do regresso.

resistir outra vez. verdemente.

à doce voz azul que murmura.

volátil.

esparsamente

horizontal.





/fotoNet/

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28 abril, 2007

de Sonho e Cerejas

26 abril, 2007

AULA DE GUITARRA. concerto barroco.

chego a casa para me pendurar em certa melodia que a todo o momento se pode desligar.

é suficiente o gesto mais tosco ou um pensamento súbito.
há semanas que me asfixio ao final da tarde com esta sensação de futuro: daqui a pouco, quando a guitarra deixar de soar, quando ela acabar a entoação da sua frase.

casa da conchada. coimbra. 26 de abril de 2007

25 abril, 2007

La joie de vivre, Matisse.
Et voilà!

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22 abril, 2007

vidas de vidro

O meu mundo é de pedra
a minha paixão é aquela energia
que brota do rasgar, do romper, do explodir.

Já parti vidros
já perdi janelas

com os estilhaços fiz um mosaico
quando penetrado por luz
irradia formas torpes

com os cacos afiados
apunhalo as minhas costas
por não conseguir
apunhalar as de outros

os despojos que sobreviveram
criam teias fios redes
criam pó baço
e de vez em quando
passa-se o dedo
para se ver que ainda
ha résteas de vidro.

ACEITEI. Já aceitei. Já compreendi

mas não consigo deixar de apunhalar as costas
e passar o dedo no pó

o mosaico contudo
de estilhaços cada vez mais pequenos...

21 abril, 2007

capitães de areia



Rasgaram os mares de cabeça hirta firme e destemidos.

Cada bandeira um estandarte, uma honra, uma divisa.

Conheciam-no com cada tábua do seu casco e jamais o temeram.

Agora dizem (-lhes) que já não são marinhos, são de terra lugar cativo.

Recusam-se.

E ali permanecem.

Hirtos, firmes. Na areia.

De costas para não verem o sal nem o embalo da água.

Mas as bandeiras agarram o aroma, as tábuas entranham a frescura

e à noite dizem (-nos) que

quando ele lhes toca os pés

sentem um arrepio

e uma vontade de ir

que nunca morre da morte marinha.

18 abril, 2007

Et le poisson philosophe a dit...


- Dansons dans les cages!

17 abril, 2007

como agulhas

Sentei-me
quando elas eram fartas

foram caindo como canivetes

lançaram-se verdes
para serem colhidas
maduras

verdes cobriram
a mesa
os bancos

maduras
tapetaram o chão
à volta.


Levantei-me
e andei.


16 abril, 2007


lá vou...

é bom ver que as artes começam a dialogar,
depois conto.

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15 abril, 2007

:):


parte2: casa-laranja-lima. artes poéticas e circenses.

vistas parciais do público:



artista-convidado :): floco..........................................................................
(também conhecido por bloco nos meios menos eruditos...)



(como se vê...artista e público......................................cada um melhor que o outro...)...mas vamos ao grande espectáculo!!! :

floooooooooco-hipnotizado-a-ser-engoliiiiiiiiiiido-por-pata !

veja com os seus próprios olhinhos!!!



seguido do nosso já conhecido número:

floooooooooooco-com-braaaaaasa-nos-olhos!!!...................................................




e pronto: as emoções poéticas não foram documentadas por problemas técnicos falta de tempo e oportunidade...

fica prá próxima! ;)

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então :) jantar

parte1: comer. beber.rir. por esta ordem...

estrela do jantar prálém de nous-mêmes.................................................... xot.zubröwski.................que a dália desencantou na garrafeira.


só d´ólhar................................................. o cálice da patrícia...perdeu o pé!!!

fotoS

confirmam:

antes-dos-xots-éramos informes. pardos...




after: ficámos gloriosamente......................................OutroS!!!


(só não se vê o mário que, como não bebeu, se tornou...invisível...ups!)


efeitos secundários: ........................... pet-com-lume-nos-olhos




fim da primeira parte...segue...

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12 abril, 2007

o limite
o fazer
o terminar
o criar
o parar
tudo de novo
recomeçar
o elevar
o limite

mUn



luna.manela.p


não tinha resposta agora para uma lua

que se apagava absorta



na embriaguês sombreada das folhas




.

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por.limite


a fechadura, a contra-senha
a linha-ténue-de-um-palmo que divide
o este o outro cerco que venha
por descuido, aparecer, e incide
na luta do ainda hoje, ainda amanhã
por limite, por ser a chave
por ser a senha

artes jantantes




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10 abril, 2007

nympha

deitada de lado
olhos fitam o
que está para chegar
o
o dedo imóvel mas doce
aponta o caminho
o
a pele já escureceu
do sol dos dias que esperou
o
o cabelo já é a noite
dos amantes
o
a flor já brotou
da raíz que criou
e se estende
em pérolas pelo rosto
o
Eis o canto da sereia
no rosto da ninfa latina
o
Eis a bela que não adormece
de olhos fechados

08 abril, 2007

linha de luz


O submarino estaca
dividido
mira o horizonte
todo na mesma direcção.

Abaixo da linha de luz
o farol
bola de cristal
que acesa
se torna bús.sol.a
na noite
que sobe escura fria
e se escuda
da sol.idão
nem que seja sozinha.
o

red lights

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06 abril, 2007

time has come today

fonte(gettyimages)

num só segundo veio a palavra
o tempo virou a perna ao ar
num só o virou em água
num só a palavra virou salgada
(flores nascem nos pés)
(nascem debaixo dos pés)

05 abril, 2007

filigrana

No início era a escuridão
depois foi a tesoura
o
as lâminas siamesas
tres.passaram
re.cortaram
rend.ilharam
o
e fez-se luz.
o
Faça-se mais
que o verbo já não chega.

04 abril, 2007

papel de parede

havia paredes brancas
com algumas manchas
pedaços de papel arrancados
cola que descola a cal

escreve-me uma carta
de amor

queria cartas de amor
à força
por força de amor
para?
guardar?
ler, reler?
como nos romances?

não

fecharam-se olhos.
apontou-se a porta.
e sai-se assim
das paredes brancas.

não se escreveu a mal-bem-dita carta de amor

nunca se disse
tão-bem
que quando
se estava entre as paredes brancas
lisas com cola e sem cal
se via nelas um vermelho de flores opulências

e a cada dia
nascia um-a-uma...

02 abril, 2007

malgré...


malgré nous nous étions lá...
a poesia era o chão onde paulo e leonor passeiam o corpo-rente-à-dança-quase-tanto.
estertores da dança por exemplo as mãos quase adormecidas ou então apenas embaladas.
as crianças na casinha de chocolate em bruto. as crianças nos seus dedos. invertidas as pernas no descampado-chão-de-olhos-livros. os balões. o riso...

do ponto de vista dos baloiços baloiçando
do ponto de vista do amor amando.

os corpos bêbedos caminham sobre o piano afinal. adormecem sobre as notas. a contra-mão. anotações. nocturnamente: embalam a morna? são antes em-ba-la-dos-no-desejo-da-morna-antes?

tanto...

a luz da dança toda-agora-quando-mal-se-sustém de tanto não-dançar.
o final um nó flutuante. esparso. ainda-tanto.
inês. vindas de mundos desconhecidamente ausentes. sem jornais sem televisão. sem limites e no en-tanto.
(malgré nous nous étons lá...)



("malgré nous, nous étions lá", coreografia de Paulo Ribeiro/Leonor keil ou
a propósito da desconstrução da dança... ou simplesmente da dança...:))
( a propósito do inesperado encontro por lá, inês...)

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01 abril, 2007

engano(s)?

Hoje por engano
a folha decidiu tomar o sol em si
e brilhou!!

"Tive dó daquele tronco
lá abandonado, atormentado...."
disse quando, em ré,
foi levada à tribuna.

"Ela fá-las bonitax, faj..."
"Eu nê xtava em mi cando oubi ocacontexeu..."
"Ela é uma... ai credo em crux! (benze-se)
até tenho meido de dixere o noume..."
"Onde já che biu???
Práqui a traxere a lux... num puode!"


Veredicto - em verdade vos digo

não permitimos brilhos espontâneos,
sem aviso prévio.
Sem dó nem piedade, será levada
daqui para todo o sempre.

e foi

mas para aquele tronco
esquecido e deixado no meio da floresta
aquela folha com brilho de sol
foi música para os seus ouvidos

(cansados e quase já surdos)

fim de linha


vai a linha a entrelinha...