30 março, 2007
28 março, 2007
A partir do próximo dia 2 de Abril (Segunda-feira) estará à venda, no Café Progresso, o segundo conto da colecção Há Água em Marte.
“Levi” de Alexandra Saraiva.
Visitem o Progresso, tomem um café e leiam uma história.
Para mais informações,
contactem:
Alberto Lóio
Av. Gil Vicente, 242 r/c
4400-166 Vila Nova de Gaia
Telemóvel: 91 646 5347
E-mail: alberto.loio@gmail.com
26 março, 2007
sul
Em tempos, conta-se, ouvia-se um tropel nesta longínqua praia, nas noites de temporal. Às crianças pedia-se que se escondessem, que fechassem portas e janelas e soprassem as candeias. O ruído, vindo do mar, cada vez mais próximo, era o sinal do desencantamento eminente. Em contacto com a humidade e o medo, havia que passar aquela fresta do tempo, de onde escorriam sonhos com desejados mouros, cavaleiros monges e marinheiros perdidos. As velhas rezavam palavras que ninguém guardou, afastando com elas os misteriosos visitantes.
Por isso, nestas paragens, pensa-se, ainda hoje os espaços são abertos, suspensos da luz e do pio inquieto das aves.
Aqui vou permanecer, por vontade, no solo, entre duas pedras verticais. Assim se explica – entendes? – que o meu corpo se faça mais pequeno, para melhor se afeiçoar à estreita morada que o oculta, na incerteza da próxima tempestade.
Etiquetas: aves, tempestade, tropel
campa nário
havia quase três cegonhas
nasceram duas
.
a segunda das duas caiu
a
a ti maria "que assim tinha que ser:
que prálimentar uma
a outra tem que morrer"
!
e sentada aos pés do olmo
a ave febril nos braços
decidi olhar pró mundo
com olhos de campanário. )
Etiquetas: palavras de sopro
24 março, 2007
copy paste exit here
mas continua o homem lá continua
o monstro partiu lá fugiu de medo
o dia galgou a montanha lá a montanha
o óleo quebrou do umbral de madeira de cedro
o menino já das asas do pássaro já da cama
continua lá continua em encantamento
o dia já canta o galo já canta o umbral lá canta
o pássaro já pássaro o pássaro lá voa o pássaro lá voa
o homem já solto das amarras já canta das amarras lá canta
uma saída de emergência lá do monstro lá do pensamento
23 março, 2007
21 março, 2007
20 março, 2007
18 março, 2007
sabias que... :
: as palavras inteiras
todas
vestidas com cinto
e cinturão
são como aço?
: as meias palavras
as que cobrem os pés
até ao tornozelo
e deixam as pernas nuas
com os pés quentes
são como manteiga?
: a pesar o aço corta a manteiga ?
: com tudo a manteiga suaviza o aço?
: no afinal
é pelo jeito
e não pela força ?.
17 março, 2007
so much closer
vai o fantasma vai o perdendo
vai o alento vai o ganhando
vai o sorriso vai o abrindo
vai o sim vai o sim assim
vai a distância vai a findando
vai o fantasma vai-se findando
vai o alento vai o sorriso
vai a palavra vai a palavra assim
selF
sempre vOltavam
Ontem a pê-ra amanhã
oS
hOje o A-nanáS.
(Soube pOst mortem que afinal nem era um ananáS!
Etiquetas: rir...ou não :)) ((
16 março, 2007
so come on
é preciso coragem
dois fantasmas não se vencem de um dia para o outro
um ou outro sim talvez, não os dois, não em dias
é preciso vento aragem, tempestade em viagem
é preciso víscera e golpe de rim
é preciso tudo isso e algo mais enfim
aguentar a viagem esperar a bonança
mudar de espelho e enfrentar assim,
a visão, a mudança, a andança...
e isso fascina-me
13 março, 2007
12 março, 2007
(Su) ReaL
Estendeu os braços carinhosamente e avançou, de mãos abertas e cheias
de ternura.
- És tu Ernesto, meu amor?
Não era. Era o Bernardo.
Isso não os impediu de terem muitos meninos e não serem felizes.
É o que faz a miopia.
(MárioHLeiria, Contos do Gin-tonic)
Etiquetas: rir :))
11 março, 2007
o relógio
o tempo,
foge, saltita, ele foge
dedo a dedo, não te mexas, ele foge,
cala-te, escolhe, a parede,
espalma a mão, alinha a palma,
pinta, a cor, de novo, de tempo
de pinta, esconde a parede,
de novo,
mais uns minutos, e é um novo tempo,
hoje.
o poço seca, as moedas morrem, ele foge
saltita, medo a medo, não te mexas
a linha cose-te, a linha estanca-te
num-caminhar-que-não-para
num-excerto-que-descansa-te
num excerto que ainda a linha encara
alinha a mão, espalma a linha
de novo,
de ponterio, mexe-te, ele foge
hoje, hoje,
acorda...
(a partir de thom yorke)
10 março, 2007
09 março, 2007
Procura-se mulher de colher na boca
sem remédio, veneno ou sopa.
Abandonou a casa
onde nasceu
numa madrugada fria.
Desconhece-se inimigo
desgosto ou segredo
que possa explicar o degredo:
deixou o corpo que vestia
amarrotado sobre a cama
e partiu.
Aqui se deixa um retrato da figura,
e se pede notícia urgente do seu paradeiro:
Cabelo, revoada de anjos bêbados
Boca, reduto de água louca
Lóbulo da orelha, segredo de velha
Menina do olho, coruja de sobrolho
Língua, mina de beijos à míngua
Curva do pescoço, pomba branco osso
Peito, tigela de leite com canela
Barriga, berço de bebé e lombriga
Vulva, lume e lenda, uva e taberna,
Pé, légua perdida
E na boca, colher de mulher outra.
07 março, 2007
por este andar

andaR
por Aí
eM eStradas
de laMa
preMeditaR a feliCidade
pRometer saCrifícioS
a deUses de espuMa
SeM braÇos
( ofereCer-lhes vinhO qUeijo
e
fruTos saGrados )...
aiNda.
ainDa que SeMpre AiNda
.
Etiquetas: palavras de sopro
06 março, 2007
once there was a girl
who seemed to love blank pages
she used to pick each of them
and scribble letters for ages
she could wonder out for hours
and scribble one hundred each time
she could draw one hundred pages
and never would seem to be fine
one fine, close to the birth_day, actually she
did asked: "what evil did i, i do not see
what rhymes, what fault, what me"
"tomorrow" i said "you'll see,
the scribble girl you seem to be"
(a partir de tim burton)
04 março, 2007
asSalto
sábado nem eclipse nem nós nem sol
...
todos os sábados aprendo melhor as letras dos assaltos
da permanência das escarpas de aço
e da cinzentura que se molda dança...
Etiquetas: palavras de sopro
03 março, 2007
01 março, 2007
chuvisco granizo
uma luz, tenda cor
um abrigo cerco retiro
uma gota, gota a gota o quê
emparedado o ardor
esgaravatar continuamente mente
menos dor menos mente ente
menos luz, menos cor
mais calor mais temor
gota a gota alguma coisa
terra a terra, mas não eu
chuvisco granizo ao ladrão
alguma coisa mas não eu
mas não eu não eu o quê
(a partir de "a Mar e los", luci)
branco encarnado
tal qual
acolhe-me
que nem as ervas da serra
que nem a quentura da terra
que nem um cobertor branco
que sara, o branco, o encarnado
que acolhe, tal qual